Salto de Paraquedas

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Salto de Paraquedas

O paraquedismo não é um esporte criado há pouco tempo. Vindo do eterno sonho do ser humano, destinado a viver no chão o sonho de VOAR. Voar livremente utilizando somente seu próprio corpo, assim como os pássaros.
O primeiro registro foi em 1306 de acrobatas chineses que se atiravam de muralhas e torres empunhando um dispositivo semelhante a um grande guarda-chuva que amortecia a chegada ao solo.
No Brasil o paraquedismo teve início com Charles Astor, em 1931, no Aeroclube de São Paulo.
Em 1963 foi criada a Comissão de Organização da União Brasileira. A partir do ano seguinte, surgiram inúmeros clubes e equipes por todo o Brasil.

O Centro Nacional de Paraquedismo, CNP, localizado na cidade de Boituva é a maior área para prática de paraquedismo na América Latina e uma das maiores do mundo.
A WOW Paraquedismo, formada por instrutores habilitados com mais de 15 anos de experiência atua no esporte com a seguinte missão: Proporcionar a melhor experiência da sua vida.
E foi exatamente isso que a WOW cumpriu na parceria com o Inclusão Radical – IR proporcionando aos participantes do evento, e claro, ao PcD, Ronaldo Rocha, uma experiência incrível e memorável com o salto duplo.

Sobre a minha experiência com o salto e o projeto do grupo IR – Inclusão Radical

Quando recebi o convite para saltar eu nem pensei para responder: Sim, eu vou. E a partir desse momento criou-se a expectativa daquela vontade que existia dentro de mim desde a adolescência. Sempre fascinada por altura, a cada viagem de avião, sentada na janelinha, eu nutria o desejo de sair voando, pulando nas nuvens igual os ursinhos carinhosos (parte da loucura que habita dentro de nós).
Quando chegou o dia, ao acordar cedinho, bateu o cagaço e a briga dos dois lados da consciência um lado dizia: PQP é hoje, finalmente eu vou voar! e o outro lado respondia: tá louca? de onde tirou essa ideia de jirico? E assim, nesse conflito, fui.
Ao chegar em Boituva, na sede da WOW, eu estava no primeiro grupo. Assim que terminei de preencher a ficha a moça falou: estamos saindo agora, precisamos de duas pessoas. Aí veio o conflito da consciência de novo, mas como já tinha assinado e pago não tive muito o que pensar, olhei para meu amigo Estevão ao meu lado e falei: Bora, viemos aqui pra isso neh? Obvio que engoli a seco, respirei, empinei o narizinho, indicando toda a determinação que eu não tinha, e fui.

Rapidamente me deram um macacão da empresa para vestir. Ouço alguém chamar meu nome, era o meu instrutor, Obama. Ele me recebeu numa alegria e empolgação que eu meio atordoada não estava muito preparada para sentir. Obama começou a me explicar um monte de coisas que obvio eu não entendi bolhufas, afinal a cabeça já estava longe, lá nas alturas. Só decorei o seguinte, na minha tradução: vamos subir, eu (Obama) vou fixar uns “coisos” do seu macacão ao meu e vamos saltar. Era o suficiente e o máximo que minha ansiedade conseguiu traduzir e captar.

 

Entramos no avião. Nesse momento veio uma sensação de euforia que subiu do dedo do pé à cabeça. Sentada no avião, sentido a decolagem e o avião alcançar cada vez mais altura, o siricutico tomou conta de mim e eu perguntava a todo instante para Obama: falta muito? Já vamos pular? E agora? (a própria “burrinho” do Shrek).

Eis que de repente Obama me fala: vou começar a nos preparar. Uhuhuhu, é agora!!! – pensei. Alcançamos os 12.000 pés, o avião abre a porta, QUE SENSAÇÃO!!! Primeiro saltaram os paraquedistas solos, a partir daí os saltos duplos. E comecei: vamos? Agora sou eu?  Ele respondia, calma e sinalizava para outros descerem e assim fui a última, pensem numa ansiedade. Finalmente chega a minha vez, e claro, eu não lembrava de nada que ele havia explicado e só fui tentando captar o que ele me dizia e administrando meu siricutico. Ao colocar os pezinhos na porta do avião a euforia de fato me dominou, eu já queria me jogar, olhava os pássaros ao longe e pensava: É nóis, eu também vou voar! Foram segundos de espera na porta que duraram umas 2 horas.

Finalmente com uma cambalhota, saltamos. Nos jogamos no vazio, na imensidão do Nada. Nesse momento eu estava completamente extasiada, quase que em transe. A sensação era tudo o que eu imaginava elevado à 10ª potência. O mundo se desfez, nada mais existia, esqueci até de Obama. Era só eu e a imensidão, nem mesmo sentia o meu corpo. Eu me deliciava, foram os minutos mais presentes e degustados da minha vida. Eu estava voandooooo!

De repente, senti um tranco. Minha alma que voava livremente voltou rapidamente para o meu corpo. O que é isso gente? Questionei. Era apenas o paraquedas que abria, aos poucos fui me dando conta de tudo, o estado de consciência voltando, corpo e alma juntos novamente. Mas eu ainda continuava voando… Nesse momento eu olhava as cidades ao longe, a extensão da Rodovia Castello Branco, e novamente fechava os olhos e continuava a me deliciar com a leveza de um momento ímpar. Aos pouquinhos fomos descemos, as formiguinhas foram virando pessoas e os pontos coloridos virando hangares do Centro de Paraquedismo.

Aterrissamos! Foi aí que me dei conta 100% consciente do que tinha acontecido e entrei num estado completo de alegria, eu tinha vontade de sair correndo, gritando e falando sem parar, queria externizar toda aquela sensação. Na verdade, depois de agradecer e me despedir de Obama, foi exatamente o que eu fiz. Ao chegar na sede da WOW percebi pela expressão das pessoas meu momento idiota – eu realmente falava sem parar.

 

Sim eu era uma completa idiota feliz! Mas não era a única, Estevão, meu amigo, estava bem parecido comigo.

Não há como ficar alheio após um salto de paraquedas, após simplesmente se jogar de um avião em voo para o nada, voar, ser pássaro por alguns poucos minutos que duram horas de emoção. Se há outra tradução para “sensação de liberdade” desconheço a língua.

 

Passado a crise de alegria plena e de volta à terra, conheço o Ronaldo Rocha. Ronaldo é paraplégico e, tal como eu, tinha o grande sonho de saltar de paraquedas. E graças ao Inclusão Radical em parceria com a WOW o nosso dia de voar chegou.

Ronaldo estava vivendo um momento também único, seu primeiro salto de paraquedas e além disso compartilhado com o seu filho Nicholas. Difícil descrever o brilho que havia em seus olhos.

“Ronaldo (antes do salto) – Desde criança eu sempre tive vontade de saltar, estou com uma emoção tão grande aqui que estou querendo chorar, mas estou segurando meu choro. É uma coisa única fazer isso, ainda mais nas condições que eu sou, sou cadeirante, mas isso não me limita a nada basta você querer que você consegue. Meu, não sei, só tenho a agradecer ao Inclusão Radical a todos presentes aqui também, porque é uma emoção única. Quero ver quando eu subir para saltar, é capaz de eu saltar chorando lá de cima, chegar aqui em baixo chorando porque a emoção vai ser muito forte, não vou conseguir me segurar”.

A partir daí, eu comecei a vivenciar outro momento especial (eita que era um atrás do outro), observando toda a preparação da equipe WOW, o cuidado e a atenção para com o Ronaldo. A emoção de Ronaldo era algo lindo de se ver e não tinha como não ser contaminada por ela.

Chegou o momento, Ronaldo e filho preparados juntamente com a equipe do IR, todos prontos para saltar. E lá foram. Eu os acompanhei até a subida no avião, não poderia perder nem um instante. E fiquei aguardando o retorno.

Todos Merecem IR

Vários pontinhos coloridos começam a cair do céu. Primeiro aterrizou Nicholas, sua expressão não poderia ser diferente, alegria que não se media. Na sequência lá vem ele, Ronaldo, uma aterrizassem leve e emocionante e para recepciona-lo, além da equipe WOW, estava Nicholas. Aí pronto, foi só emoção e as lágrimas não se intimidaram em cair.

E um a um, a equipe IR foi aterrizando e aquela alegria se multiplicando.

 

Depoimento do Ronaldo

“Ronaldo (depois do salto) – Uma sensação única, desde criança eu queria fazer, sempre tive essa vontade. Depois que eu virei cadeirante eu consegui fazer, realizar esse sonho! Sabe, é uma coisa que eu vou guardar para sempre na minha vida, uma coisa que vai ficar para sempre guardado na minha memória, jamais vou esquecer. E pode ter certeza que eu vou voltar! Eu vou voltar porque vocês são fantásticos, grandes profissionais, a equipe me tratou com o maior carinho, não tenho nem o que descrever para vocês. Obrigado!”
evento

Salto de Paraquedas
Boituva, Brasil

E assim foi um grande dia! Eu, Natália, só tenho a agradecer ao Inclusão Radical e ao Ronaldo a parceria e a chance de estar junto nesse momento.

Escrita por

Natália Costa

Engenheira eletricista, viajante, trilheira e apaixonada pelo mundo outdoor e integrante do Inclusão Radical

NOSSO TIME

É um grande privilégio contar com toda essa galera que contribuiu para o nosso primeiro evento. Gratidão a todos e todas. Você fizeram história.